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Barão do Morro

Capítulo 35

DOIS ANOS DEPOIS.

TIA JOELMA: O mundo lá fora ficou grande demais para mim, não conseguia entender as pessoas estarem felizes como se nada tivesse acontecido, era injusto demais, e eu, aqui dentro deste meu mundo de dor e sofrimento, mas, ao mesmo tempo, pensava que a perda era minha e só eu poderia estar sentindo está dor.

Inicialmente, as pessoas ficaram por perto, mas, depois, voltaram para sua rotina, tentavam estabelecer um tempo para que eu ficasse bem e voltasse à vida que não tinha mais, como se isso fosse possível.

O tempo é muito longo num caminho difícil e tortuoso e é você quem define,

não critico as pessoas, nem sempre sabem o que falar ou fazer.

É difícil entender o que não se mensura, respeitar e escutar é o melhor que podem fazer, mas isso nem sempre é possível.

Existe indiferença e afastamento da maioria das pessoas.

Busquei todos os tipos de ajuda, Deus, livros, filmes, terapia, e tudo o que fosse possível, sozinha eu ficaria no escuro da dor, neste buraco profundo.

Decidi que não queria isto para minha vida.

Tudo que eu fizesse ou deixasse de fazer não traria Duda de volta.

Assim até o último dia de sua vida.

Às vezes me permito recaídas, mas sigo, sei que posso chorar quando aperta o coração para me acalmar, sei que posso falar da minha filha, aliás, preciso falar dela, conforta meu coração.

Descobri que são poucos os que aguentam ouvir e respeitam minha dor.

Nunca mais fui ou serei a mesma, minha vida mudou.

O quarto da Duda foi um grande desafio, ficou fechado durante dois anos e três meses , mas um dia resolvi abrir e me desfazer de todos os seus pertences.

Consegui transformar o meu sofrimento em amor, a conviver com minha dor de maneira pacífica e tolerante, a experimentar uma paz que cada vez mais está presente em minha vida.

A Duda é minha filha linda, minha filha amada, meu presente de Deus a quem agradeço sempre.

Ela tinha uma alegria contagiante, era bondosa e caridosa, tinha um brilho próprio.

Sua passagem foi breve, mas deixou sua marca e luz onde passou.

Será nossa eterna estrelinha!!!

Hoje sou a saudade e a dor, sou paz e amor, sentimentos que procuram viver de maneira harmoniosa e respeitosa dentro do meu coração, prevalece o AMOR, sempre.

LUAN: Completou dois anos que Duda partiu para sempre.

No dia que ela morreu, pensei que fosse morrer junto.

O choque inicial, o riso nervoso e a frase: Não, não é isso.

Ela está doente , mas vai ficar bem, não é?

Mas vi nos olhos da minha irmã que ela não ficaria,que a Duda se foi para sempre.....

Então, partimos para o velório na casa dela.

Havia tantas pessoas, tantos rostos desconhecidos, e eu só queria encontrar um que eu nunca mais veria.

Um bilhete em cima da mesa para mãe dela, dizendo que ela voltaria logo, o celular em cima da mesinha com a nossa foto juntos, não aguentei, caí em um choro profundo e doloroso.

Depois de dois anos.....ainda dói !!!

A dor não possui prazo, a perda tampouco.

E só aprendi a lidar, conviver com as lembranças, com que ficou.

Doeu porque era alguém tão jovem e tão fiel a Deus ser levado dessa maneira, com planos e expectativas.... doeu pelo amor que a gente nunca pôde viver.

E por tudo que eu tinha para contar.

Para entender da morte, basta estar vivo.

O luto vem fazendo parte da minha vida desde muito cedo, perdi algumas coisas importantes, perdi pessoas e me perdi.

O mergulho intenso na dor, a falta de força para seguir foi avassaladora, mas quero dizer ; quem tem amigos e família , tudo pode.

Fui salvo deste mergulho intenso, quase sem volta.

Acho que hoje tudo se resume em apenas uma palavra : Saudades!!!

A saudades e a dor caminham junto meu luto por ela.copy right hot novel pub

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