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Barão do Morro

EPÍLOGO

DEZ ANOS DEPOIS.

LUAN: Dez anos se passaram....tantas coisas aconteceram .

Me formei em médico,assim que me formei me retornei para o Brasil, hoje sou um médico respeitado,e presto serviços voluntários aos presídios, nunca esqueci o tempo que passei ali.

Reconheço a sorte e o privilégio que tive em sair rápido, mas não esqueci os horrores que vivi e os perrengues que passei.

Graças a Deus, tive oportunidade e com propósito de mudança de vida, eu abracei todas as oportunidades....me transformando em um cidadão de caráter.

Todos os dias eu penso na Duda com carinho, quando ela morreu senti como se o mundo estivesse desabando sobre mim.

Do diagnóstico até receber a notícia do falecimento, senti raiva, tristeza, ódio.

Fiquei desestabilizado!!!

Eu me vi inundado de várias sensações negativas... foi muito doloroso.....é normal que a dor da saudade permaneça.

Afinal, em toda relação afetiva constroem-se laços de afinidade.

Sem expectativas de começar um novo relacionamento, passei seis anos recluso.

Momentos sociais, só as reuniões de família e entre amigos, que deram apoio nos momentos mais difíceis e me ajudaram a superar o luto.

Um novo amor surgiu naturalmente em um desses encontros.

E por incrível que pareça,foi a mãe da Duda, que me apresentou a Nayara, que é sorridente e sempre de bem com a vida,ela é psiquiatra, e juntos prestamos serviços voluntários nos presídios.

Ontem completou três anos que casamos, ela está linda grávida, esperando o nosso primeiro filho,Luiz Otávio.

Hoje estou muito bem, aprendi encarar a perda como aprendizado.

Aprendi que a vida é para ser partilhada com o que me faz bem.

Viver simplesmente me motiva.

PLÍNIO: Saí do crime sem senti saudades... depois que eu saí parece que nasci de novo.

Aquela vida de bandido aquilo tudo foi muito doído, a vida do crime, não compensar e não valer nada.

Desde do dia que conheci a Bárbara, me tornei um cara melhor, ela é a luz que faltava na minha vida.

Mudei o curso da minha vida, me converti na Igreja Evangélica Assembléia de Deus .

Tem sete anos que me tornei pastor, passei uma borracha nos seus erros,e confessei que Cristo é o único caminho a seguir.

Falar de Deus é fácil, bonito, mas lindo mesmo é ter Deus na vida.

Porque de nada adianta encher o perfil com palavras bonitas, se na vida não vive o que prega.

Para mim, testemunho bom é aquele que se vive, porque falar até papagaio fala.

Hoje em dia, sou bem casado, sou pai de dois meninos e uma menina.

Continuo morando no morro, pregando a palavra de Deus.

Lembrando as pessoas o que está em João 14:6: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, se não por mim.

JOELMA: O tempo não cura tudo.

Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.

Há dez anos, perdi minha filha e minha alegria de viver.

Eu tive que ser forte para continuar e seguir em frente,mas minha vida nunca mais foi a mesma.

As pessoas estão tão despreparadas para lidar com a morte de um filho,e é um tabu tão grande sequer tocar nesse assunto, que dificilmente você terá algum tipo de conversa produtiva sobre isso.

Procurei uma psicóloga e entre alguns dos papos ela me disse algo que achei incrível:

Quem perde os pais é órfão, quem perde o cônjuge é viúvo e quem perde o filho?

É o quê?

É uma dor que só quem sente vai entender.

Fui ao psiquiatra

Psiquiatra é tabu.

Ninguém acha estranho ir ao ortopedista quando tem uma dor no joelho, ou ao dentista quando tem uma dor de dente.

Mas e se a dor que a gente sente for a perda de um filho?

E se for uma dor paralisante que não dê para sair de casa ou ir trabalhar?

A minha filha tinha morrido, mas o mundo não parou por isso, as contas continuavam chegando, as demandas vinham, o trabalho, a responsabilidade e o meu filho e minha neta precisavam de mim.

Eu tinha preconceito de psiquiatras, até me perceber que eu não daria conta de lidar com tudo isso ao mesmo tempo.

A medicação me ajudou a cuidar de mim para eu poder cuidar também da minha família.

Hoje quando me perguntam, dá Duda respondo com a mesma leveza que falo sobre assuntos cotidianos.

Falar sobre Duda com frequência, me ajudou a internalizar o que a passagem dela significou pra mim, quanto mais eu falo e mais lembro dela, mais leve fica a lembrança.

Agradeço a Deus todos os dias....que meu filho saiu do crime,se tornou um homem de Deus.

Eu ajudo ele na igreja,hoje em dia , eu trabalho num projeto para crianças carentes.

Aprendi a viver um dia de cada vez...copy right hot novel pub

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