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INDECENTE DESEJO

CAPÍTULO 1 - AMÉLIA

"Uma boa menina não dá vexame."

Uma vez fui ensinada que mentir é feio e desonesto, mas nunca me avisaram sobre as consequências. Bom, descobri sozinha que além de dolorosa elas podem ser irreversíveis. Aos dez anos, quando tudo que eu deseja era ser aceita, menti para ajudar uma colega de classe, Justine, a fingir dor no estômago e se livrar da prova de cálculo. No mesmo dia a garota me enviou uma mensagem de agradecimento cheio de admiração, não soube na hora se deveria me sentir elogiada, mas gostei de ter sua gratidão. Uma semana depois, a diretora me suspendeu. Levou algum tempo até eu perceber que a mentira me cercava, constituía tudo que eu conhecia e por consequência, fazia parte de quem eu era também. Não tinha escapatória, continuei mentindo não por gostar, mas porque era boa demais pra ignorar.

Aprendi que não importa o quanto você esteja ferrada por dentro se um belo sorriso estiver moldando seus lábios, no final, ninguém quer ver lágrimas ou saber das suas angustias.

Meus sorrisos eram ensaiados, ditados, assim, como as minhas roupas e vida. Eu mentia para agradar e fazer feliz a mulher que me trouxe ao mundo, porque ela fazia o mesmo por mim e por mais que r que falasse o contrário, eu sabia que era mentira. Ser esposa do governador de Minas Gerais não era o suficiente, nunca foi. Eu só tinha que fingir mais um pouco, aguentaria até mesmos os arranjos românticos que ela vivia me arrumando, como o falante e babaca Ricardo Alencar, o terceiro filho de um senador esnobe e corrupto que não para de falar desde que fomos apresentados.

— Que tal irmos a um lugar mais reservado?— Olho de soslaio para o garoto, forçando um sorriso enquanto procuro algo em sua aparência que compense sua falta de bom senso.

— Estou confortável aqui, obrigado. — Sugo através canudo de alumínio o líquido amarelo com gosto forte, desejando ter colocado um pouco a mais de vodca. O garoto mantém um brilho malicioso e sugestivo no olhar, encaro por breves segundos seu rosto magro e convencido, me permitindo descer os olhos por todo o seu corpo, assim como vem fazendo comigo desde que se aproximou.

Ombros largos e atléticos, cabelos castanhos que parecem ter sido penteados por dedos e não escova. Lábios finos e rosados, sempre prontos para proferir as mais cruéis palavras e despejar um monte de baboseira. Postura arrogante. Cérebro corrompido.

— Tem certeza? Conheço um lugar onde podemos conversar com mais tranquilidade.

— Creio que não seria conveniente, as pessoas fariam especulações sobre nossa saída repentina em poucos segundos, somos pessoas publicas. — Tento soar convincente, fingindo que este é o único motivo que me impede de sair com ele para qualquer lugar mais íntimo.

Ele gargalha, chamando atenção de um pequeno grupo de pessoas a alguns passos de distância de nós. Arfo. A impaciência me tomando e resolvo que está na hora de arruinar quaisquer expectativas que o paspalho tenha criado.

— Escute, não creio que tenhamos qualquer interesse incomum e sinceramente…não estou interessada em relacionamentos.copy right hot novel pub

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