Entrar na mansão Richter hoje não foi muito fácil. Tudo aqui parece estar em polvorosa. O entra e sai de carros e de caminhões, a casa cheia de amigos e de parentes que vieram passar a semana, e tudo isso porque ao que parece, o casamento acontecerá em duas semanas. Uma pressa que fez a pequena Florentina espalhar rumores pelos quatro cantos. O lado bom disso tudo é que não tenho encontrado a senhorita Richter em lugar nenhum do casarão. Isso me dá algumas horas de sossego.
— Ai, droga! — Ouço o resmungo de Donana e ela me encara com aflição.
— O que houve, Donana? — Ela olhou para trás, na direção da porta da cozinha e depois enfiou as mãos no bolso largo do avental e tirou de lá algumas notas de dinheiro.
— Preciso que vá correndo ao mercado e me traga algumas coisas, Lara. — A jovem senhora começou a fazer algumas anotações em um pedaço de papel. — Mas seja rápida ou atrasaremos o almoço e isso não será bom para nenhuma de nós duas. — Faço um aceno rápido de cabeça, pego o dinheiro e o papel, me livro do avental e corro para a saída dos empregados.
Não entendo o porquê de tamanha aflição devido a um casamento. Até parece que o mundo está se acabando, não tem uma alma viva naquela casa que esteja sossegada. Sair de todo aquele alvoroço para ir até o mercado, me dará alguns minutos de paz. A essa hora isso aqui fica lotado e eu preciso ser muito ágil e esperta para conseguir comprar todos os itens da lista que Donana precisa a tempo, e isso é algo que sou muito boa!
— Bom dia, Lara! O que vai querer para hoje? — Senhor Porfírio pergunta assim que me aproximo da sua barrada de legumes. Abro um sorriso espontâneo para o senhor de cabelos brancos, usando uma boina xadrez no topo da sua cabeça, enquanto observo os belos tomates-vermelhos.
— Bom dia, senhor Porfírio! Eu preciso de alguns desses tomates, uma grande porção de batatas e de cebolas também. Um maço de coentro e há! Ponha algumas laranjas também.
— Certo, e como está a sua mãe? — indaga enquanto põe os meus pedidos em algumas sacolas.
— Está se recuperando lentamente.
— Colocarei algumas maçãs para ela em uma sacola a parte. Ela precisa se alimentar bem, Lara.
— Eu sei, senhor Porfírio, mas o senhor não faz ideia do quanto aquela mulher é teimosa — resmungo e ele solta uma boa risada.
— Ah! Faço ideia sim.
— Preciso ir, senhor Porfírio, ou a Donana me mata!
— Sim, mas tome cuidado. — Me afasto da barraca, para ir comprar os últimos itens da lista.
Morar em uma cidade tão pequena tem as suas vantagens e desvantagens. Aqui todo mundo se conhece, portanto, todos se ajudam da maneira que pode. Mas se surgir alguma fofoca, essa se espalha rápido igual coceira de coelho.copy right hot novel pub