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Doce Vingança

DOZE

— E então, o que ele queria? Ele não foi ranzinza com você não, né? Porque se ele não te tratou bem, posso dá alguns puxões de orelhas nele. O senhor Clarck…

— Você pode me deixar sozinha? — interrompi a falante Penélope. Confesso que ouvir a sua voz agora não me permitia pensar com clareza.

— Lara, você não vai me dizer nada?! — insistiu e eu suspirei. Tirei os meus olhos daquele belo Jardim noturno e me virei de frente para ela, agora a olhando bem dentro dos seus olhos.

— Tudo o que posso te dizer, é que o senhor Clarck me fez uma proposta e que eu preciso pensar nela. — Seus lindos olhos cor-de-mel se arregalaram para mim e imediatamente ela adentrou o quarto fechando a porta atrás de si. Soltei um suspiro frustrado, quando a garota se sentou no colchão e deu dois tapinhas nele, e convidando a acompanhá-la.

— Qual proposta? — Revirei os olhos para ela.

— Posso te contar sobre isso depois, Penélope, mas agora eu realmente preciso ficar sozinha com os meus pensamentos, sua maluquinha. — Tive que rir, mas vi em seu olhar um lampejo de tristeza e não entendi o porquê.

— Tudo bem, querida! — disse sem me questionar e sem insistência alguma, e simplesmente saiu do meu quarto. Essa reação também era intrigante.

As semanas que estou aqui aprendi que Penélope era tão curiosa, quanto reservada com alguns assuntos, mas isso que acabei de ver, é totalmente diferente do que ela é. Depois que a porta se fechou, voltei para perto da parede de vidro e olhei o quieto jardim iluminado por luzes amareladas, de pequenos postes de ferro, que estavam espalhados em toda a sua extensão. Lembranças dolorosas invadiram a minha mente, algumas marcantes e saudosas, e logo em seguida a raiva que não me abandonava nunca. Levei uma mão a minha barriga e pensei no nosso futuro. No que seria de nós quando eu pusesse os meus pés fora desse lugar. Quais seriam as minhas chances de dar uma boa educação e conforto para o meu filho? E um pai era necessário para ter uma família e eu não passaria por tudo que minha mãe passou. Soltei mais uma respiração profunda quando lembrei da imagem do homem atrás daquela mesa, em sua cadeira de rodas e sorri. Imaginava um senhor de idade, barrigudo e com um bigode cheio abaixo do nariz, com uma cara carrancuda e uma voz mal-humorada e cheia de ordens para me dar. Diferente de tudo que Penélope me falou, ele foi doce e gentil e me ofereceu a oportunidade que jamais terei na vida. Seria interesseira da minha parte se aceitasse?

Incomodada com o rumo que os meus pensamentos estavam tomando, me afastei da janela, me joguei em cima da cama e encarei o teto. Um marido e um pai… sim, eu precisava disso. Levantei-me da cama e saí do quarto andando com passos rápidos para a ala sul da casa. O corredor estava escuro, mas isso não me fez parar. Caminhei determinada até o final do corredor e parei bem diante da porta de madeira. Fechei minhas mãos em punho e a argui, encarando a madeira clara e me acovardei.copy right hot novel pub

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