— O que fará depois do jantar? — Encaro minha mãe do outro lado da mesa, sem entender essa pergunta completamente absurda.
— Você sabe, fazer-lhe companhia.
— Ora, filha, o vilarejo está todo arrumado para a festa da colheita. Por que não vai se divertir um pouco?
— Não vou deixá-la sozinha, mamãe! — rebato.
— Você sabe que com os efeitos dos remédios, dormirei muito rápido e depois? Vai mergulhar nos seus livros?
— Adoro os meus livros!
— Lara, você é jovem e trabalha muito. Precisa sair um pouco, precisa se divertir.
— Mãe, não adianta! Não vou deixá-la sozinha! E eu nem tenho roupa para esse tipo de coisa. — Ela sorri e eu sei que não desistirá dessa ideia maluca.
— Tem o vestido que fiz para você no seu último aniversário. — Penso nos balões coloridos que vi na entrada da vila, em todas as barracas montadas com todas aquelas comidas. Com certeza será uma festa linda. Sorrio internamente.
— Tudo bem, mas não ficarei fora de casa mais que uma hora — replico e seu sorriso se torna ainda maior.
— Combinado! — Após deixar a cozinha arrumada e de ter a certeza que dona Sara tomou seus remédios, corro para o velho guarda roupas e pego o vestido branco de algodão, guardado dentro de uma saco plástico e o ponho em frente ao meu corpo. Olho-me no espelho gasto colado em uma das portas do guarda-roupas e sorrio satisfeita. Sem demora, livro-me das roupas em meu corpo e o vesto imediatamente. Calço uma rasteirinha e solto meus cabelos, que caem como uma cascata, alcançando a minha cintura. Sinto-me linda e antes de realmente sair de casa, dou uma olhadinha em minha mãe. Ela já está dormindo. Constato.
O vilarejo está especialmente iluminado essa noite e a música animada, alegra ainda mais o lugar. O movimento de pessoas, os jogos e brincadeiras, as barracas que vendem seus produtos, tudo isso tem uma alegria contagiante demais. Mas foi a pista de dança no centro do pátio, que me chamou atenção.
— Quem te viu, quem te ver! Lara Dibuar, resolveu viver um pouco? — Lázaro, um rapaz que mora aqui no vilarejo, fala com um tom debochado. É um homem bonito e é trabalhador, mas é mulherengo e o fato de saber disso, me mantém distante dele e dos seus amigos. Resolvo não responder ao seu comentário e continuo olhando a dança. — Você está uma gata! — Continuou. Olho-o rapidamente e volto o meu olhar para a dança. — Quer dançar?
— Não, obrigada!
— Por que não?
— O quê?
— Você se vestiu para vir a uma festa e não quer dançar, por quê?
— Eu só não quero, ok? Não preciso de um porque — rebato e tento me afastar, mas ele segura o meu braço, puxando-me ao encontro do seu corpo. Lázaro inclina um pouco a sua cabeça e os seus olhos se fixaram nos meus.
— Não devia me esnobar assim, Lara.copy right hot novel pub