Modo escuro
Linguagem arrow_icon

Doce Vingança

VINTE E OITO

— Não aguento essa burguesia! — Felipe resmungou parando ao meu lado, próximo a uma parede de proteção da varanda, do segundo andar, de onde víamos o jardim lotado de convidados de várias classes sociais. Na maioria, a classe alta de Florentina.

— Aguente-os por algumas horas, Felipe. Precisamos deles para alavancar a sua candidatura e levá-lo ao pódio. — Abri um meio sorriso e ele me abriu um sorriso grande.

— Obrigado pelo que está fazendo por mim, Lara! Sei que se não fosse a sua mão estendida seria mais uma batalha perdida.

— Não tem o que agradecer, futuro senhor governador. Está na hora de entregar o poder dessa cidade nas mãos do povo, e quem melhor que você para representá-los? Agora quero que desça, se misture com eles e converse com os seus possíveis apoios.

— Claro, farei isso com muito gosto! — Observei o homem franzino, porém, de uma presença incrível descer os degraus e atravessar a imensa sala de visitas. Daqui era possível ouvir os aplausos e enquanto não chegava a minha hora de estar no meio deles, me deixei levar por um pensamento muito distante.

A primeira vez que Sara me contou uma história da Bíblia sagrada, eu nunca entendi porquê Abraão levou seu filho Isaac para ser sacrificado. Que pai faria isso a seu próprio filho? E pensar que ele só parou porque foi interrompido por um anjo. Suspirei sentindo o meu sangue gelar e percorrer o meu corpo. Logo eu estaria indo para o meu sacrifício. Eu tinha a ideia e a levaria adiante, mas de verdade, não sei o final para esse capítulo da minha vida, entretanto, era necessário fazer esse sacrifício, ou jamais conseguiria o que o meu coração mais almejava.

Despertei dos meus devaneios quando ouvi Jardel Lincon pronunciar o meu nome no microfone. Esta era a minha deixa para pôr os meus planos em ação. Afastei-me da mureta de vidro e caminhei com elegância para a escadaria. A cada batente que descia, podia sentir meu corpo flutuar de antecipação. Abri as portas largas e olhei para aquela decoração luxuosa que tomava conta de metade do imenso jardim, e a quantidade de pessoas que estava lá parecia bem maior que vista lá de cima. Abri um sorriso simpático e andei por entre os convidados, recebendo os aplausos e suas felicitações, e subi no palco alto e improvisado.

— Boa noite a todos! — falei. Meus olhos percorriam ávidos pelos rostos da multidão. — Esta é uma noite de promessas. Algo novo está surgindo para mudar a nossa humilde Florentina e essas mudanças prometem abraçar a todos vocês, não importa o seu tamanho, sua cor e nem sua classe ou poder. Nosso candidato oferece a todos, promessas jamais oferecidas, um ganho que nenhum de vocês jamais tiveram. Eu apoio Felipe Camaleão e você? - gritei a última frase e imediatamente senti uma imensa alegria ao ver todos vibrarem com as minhas palavras, certos do que terão que fazer no dia da eleição.copy right hot novel pub

Comentar / Relatar Problema no Site