Bato na porta e a abro. Logo vejo Raissa sentada em uma cadeira na sacada. Ela se levanta e vem em minha direção.
— A salamo a-leikom. A paz esteja com você — Raissa me diz com um sorriso.
— Aleikom es Salam. A paz esteja com você também — digo, eu tinha aprendido com ela como responder ao cumprimento.
Ela pega a minha mão e me leva para a sacada. Nos sentamos nas cadeiras em frente a uma mesa que do alto eu podia ver os fundos da mansão, onde uma linda piscina brilha convidativa irradiando os raios do sol da tarde. Eu a encaro com um sorriso.
— Você me parece bem melhor, diferente da garota que me ligou em casa.
Ela me dá um sorriso sem graça.
— Desculpe ter feito você vir até aqui. Mas, quando te liguei, eu estava dentro do mármore do inferno. Hassan nervoso, gritando com mamãe, dizendo que iria embora.
— Tudo bem, amiga é para essas coisas — eu falo, com compreensão.
Raissa continua:
— Quando te liguei, eu estava muito nervosa. Hassan tinha saído de casa cantando os pneus com a Ferrari, mamãe gritando que seria bom que ele sumisse mesmo. Allah! Orei tanto para ele voltar, eu não suportaria sua ida novamente. Então, meia hora depois que eu te liguei, ele voltou. Parecia mais calmo, trouxe até um suco de laranja para mim. Disse para eu me acalmar e me fez deitar em seu colo. Ficou comigo dizendo para eu ficar bem, que ele não irá embora. Eu só sei que eu apaguei. Desculpe-me.
Com certeza ela não sabe do calmante que Hassan colocou no seu suco. Ele parece ser do tipo que não sabe lidar com os seus próprios sentimentos, e isso se reflete em lidar com os sentimentos dos outros também.
Era mais fácil acalmá-la com artifícios do que enfrentar o problema.
— Karina, eu me sinto tão sozinha. Mamãe sai toda hora, eu não gostaria de ficar sem Hassan. Ele é o único que me entende e me dá atenção e carinho. E você, é claro…
Eu peguei as mãos de Raissa.
— Hassan e eu conversamos. Ele disse para te tranquilizar e dizer que ele criará raízes aqui. Para você não se preocupar.
Ela vira imediatamente a cabeça, tentando entender se me ouviu direito:
— Mash'Allah — “Graças a Deus”, ela diz entre lágrimas. — Eu pensei que ele tivesse dito isso para eu me acalmar. Então é verdade?
— Sim.
— Passei seis meses pedindo a Allah para meu irmão voltar. Seria terrível ver ele ir embora novamente.
Eu fungo.copy right hot novel pub