Joaquim quer chorar, mas as lágrimas não caem.

Lucas se vira e, de braços cruzados, olha para ele com frieza.

"O que você está fazendo aqui, moleque?"

Joaquim sente que, nos últimos anos, sua autoridade tem se perdido por completo.

Lucas arqueja e diz: "Papai, não pode entrar para o quarto da próxima vez que for beijar a mamãe? Não sabe que ainda somos menores de idade? Acha certo abusar de nós, seus filhos, desse jeito?"

O questionamento de Lucas deixa Joaquim sem palavras.

"Moleque nojento! Quer levar uma surra?"

Ele se irrita um pouco e até levanta o braço enquanto olha para o filho com uma expressão virulenta.

De tanto medo, Lucas foge e diz, enquanto corre: "Pode até nos reprimir com essa sua força, mas não vamos nos entregar! Se ousar aprontar com a mamãe na nossa frente de novo, vou tirar uma foto sua e postar na internet! Vamos ver quem vai passar vergonha!"

Dizendo isso, ele sai correndo, sem ousar parar nem por um instante.

Joaquim percebe como a sua vida é sombria.

Esse moleque imundo quer tirar fotos dele e de Valentina se beijando?

Ele tem muita coragem mesmo.

Então Joaquim pensa em Ethan.

Aquele pirralho não apenas gravou o vídeo, mas fez troça da cara dele.

E, de repente, ele sente muita falta de Ethan.

É filho dela!

Joaquim pega o celular e disca uma combinação de números de memória.

Por um tempo, aquele número tem ficado sem significado. Agora, ao se lembrar do padrão no tom de discagem, seu coração acelera.

O celular toca e toca, mas ninguém atende.

O coração cheio de expectativas murcha um pouco.

Pode ser que o número tenha mudado há muito tempo. Pode ser que nem o conheçam.

É difícil suportar essa sensação de perda sem precedentes.

Ele está sentado em um banco no corredor. Na sua mente, apenas a vaga imagem sangrenta de Isaac.

Como um corpo naquela situação ainda poderia sobreviver?

Talvez a sobrevivência de Isaac tenha sido apenas uma mentira criada pela sua mãe, Eva, para tentar aliviá ele e Valentina.

Joaquim sorri amargurado.

Logo o celular toca.

A visão do número familiar o deixa extasiado.

Ofegante, ele mal sabe como responder para atender à ligação.

A ligação é completada, mas nenhum dos lados tem pressa de falar. O silêncio circula entre os dois.

Joaquim quer falar, mas parece que alguma coisa lhe bloqueia a garganta. Ele abre a boca e não consegue emitir som.

Finalmente, um suspiro do outro lado, e uma voz familiar ressoa.

"Joaquim."

Cinco anos sem ouvir aquela palavra deixam as suas pupilas encharcadas.

"Isaac?"

"Há quanto tempo, meu irmão."

A voz de Isaac continua nítida como de costume, o que deixa Joaquim embargada.

"Seu moleque! Acha engraçado brincar assim?"

Joaquim não quer sentir raiva, mas as palavras simplesmente lhe escapam.

"Joaquim, não se exalte tanto. Logo vamos nos ver. A mamãe vai lhe contar tudo."

"Se a mamãe não for me contar, então você pensa em ficar calado para o resto da vida?"

Joaquim sente que está perdendo o seu tempo.

O irmão se escondeu mesmo dele durante esse tempo todo!

Pigarreando, ele diz: "Não é isso. Eu só quis esperar amadurecer a oportunidade para conversar. Olhe só para você, todo velho e rabugento."

"Dane-se!"

A voz de Joaquim está agora mais áspera.

Isaac sorri e diz: "Joaquim, você não tinha ligado para saber notícias de Ethan?"

"Você não tem vergonha? Levou Ethan em segredo, sem me falar nada. Nem sequer manda mensagem dizendo que chegou bem. Sua cunhada quase está preste a enlouquecer!"

Joaquim se lembra do tempo em que Ethan esteve sumido, e do olhar dolorido de Valentina, e só falta morrer de raiva.

Isaac coça o nariz, envergonhado: "Quando resgatei Ethan, ele estava muito mal. Tinha vários ferimentos pelo corpo, tinha perdido muito sangue e ia entrar em coma. Só o que posso fazer é salvar pessoas.copy right hot novel pub