Eu ia abrir a boca para perguntar se ele tinha ou não se machucado, mas com seus olhos negros me encarando, eu não consegui deixar a voz sair.
- Por que voltou? - disse Guilherme com a cara fria.
Eu abaixei a cabeça. Essa bagunça toda foi mesmo por impulso meu, não resolvi direito as coisas, então dei uma pausada e disse:
- Guilherme, me desculpa. Eu não podia deixar ele lá, se você ainda estiver bravo, pode me bater ou xingar!
- Bater em você? Ou te xingar? - ele riu friamente ao dizer.
- Isso! - eu falava seriamente olhando para ele. - Se estiver bravo, pode bater em mim!
- Bater em você? Kaira, quando você aprendeu a dar um tapa e depois um beijo? Parece que aprendeu a resolver as coisas dessa maneira no Nexia.
- Que tal tomar primeiro a sopa para dar uma esquentada no estômago? Se não comer nada, faz mal! - eu tinha que abaixar a cabeça para ele. Se eu tivesse uma atitude forte agora, temo que...
Nessa hora o seu rosto estava muito sombrio, como o céu nublado antes da tempestade.
- Não pretende explicar a respeito do Nathan?
Eu franzi o cenho, e senti estresse só de tocar nesse assunto. Eram coisas do passado, e eu odiava deixar os outros saberem dos detalhes daqueles tempos.
Vendo sua cara feia, eu massageei as têmporas e disse:
- Nathan e eu fomos ambos acolhidos pela vovó. Ele é alguns anos mais velho que eu, e crescemos juntos. Por alguns problemas, ele foi embora e nos deixou, só reaparecendo ultimamente.
Eu não queria falar demais dos detalhes, me recusava a relembrar dos pesadelos.
- Ele estreitou os olhos e perguntou:
- Se gostam desde crianças? Ou é apenas amor fraternal? Ou ambos?
- Ele é meu irmão! E só pode ser meu irmão! - eu falei, um pouco nervosa.
- Essa irmão é meio especial para a irmã, hein? Ficam se agarrando aí toda hora? Já que é seu irmão, por que não me disse antes?
- Não tinha necessidade. - eu senti raiva. - Já é tarde, descanse logo depois de tomar a sopa, eu vou voltar para o quarto.
Eu não queria brigar com ele, e nem achava isso necessário, mas muitas vezes eu não conseguia controlar os meus nervos, então eu escolho me retirar.
Entrei no quarto, mas não estava com sono, então fui para a varanda e me sentei na cadeira pendente, olhando para a paisagem noturna.
Guilherme entrou no quarto e seu olhar se fixou em mim por um instante. Eu sabia que ele estava segurando a raiva, também não queria brigar comigo.
Vendo-o entrar no banheiro, eu suspirei de alívio. Gestantes tinham mesmo emoções descontroladas.
O banho dele foi rápido, e estava apenas com a toalha envolta na parte de baixo do seu corpo quando saiu. As gotas transparentes de água seguiam as curvas de seu peitoral e tanquinho, descendo pelo corpo escultural.
Ele secava o cabelo com outro toalha, e eu reparei que tinha um grande pedaço de hematoma em suas costas, deve ter sido a minha vassourada. Levantei-me e fui para a sala procurar a caixa de primeiros socorros.copy right hot novel pub