Estávamos indo em direção a casa do meu pai. Parecia uma outra realidade, para falar a verdade, pois eu nunca imaginei que pudesse fazer algo dessa gravidade. Parecia muito para a Agnes de alguns meses atrás.

Parece que quando passamos por algumas coisas nas nossas vidas, nós passamos a ficar mais maduros, mais sensitivos, não sei bem explicar. O meu processo de mudança e aceitação de um novo pai ia aos poucos se formando, mas a verdade é que eu realmente estava começando a achar que o meu pai de agora não era mais o pai de antes. Pareciam dois homens diferentes e isso que me ajudou no processo de perdoá-lo por todo o mal que ele causou a minha família.

Obviamente, nada dá saltos. Não seria de uma hora para outra que eu passaria a sorrir e ficar a vontade na presença dele, mas já conseguia aceita-lo e ficar no mesmo ambiente sem que as lembranças assombrosas me fizessem mal.

Meu pai morava num bairro afastado na Capital. Ao menos era próximo do Metrô, o que facilitou para que chegássemos. Era uma casa pequena, simples, mas que parecia muito delicada. Um muro alto que quando adentrávamos dava espaço para um terreno na frente pequeno, onde o carro estava estacionado.

Atrás havia a casa. A cozinha e a sala ficavam no andar de baixo e havia três quartos e um banheiro em cima. Na parte de trás da casa havia uma churrasqueira e um gramado onde as crianças brincavam com vários brinquedos espalhados. Uma casa que parecia até mesmo feliz. Sorri.

Meu pai veio nos receber com sua esposa, Kátia. Ela tinha os cabelos escuros e alisados por Chapinha, era uma morena de pele chocolate com os olhos escuros e um sorriso tão calmo e tranquilizante que parecia aquecer todo o meu coração. Era um pouquinho mais baixa do que eu e estava de mãos dadas com meu pai que sorria muito diante da presença dela. Parecia que eles realmente se davam muito bem.

Pude então deslumbrar duas crianças correndo pela casa e nos empurrando, ao que Kátia dizia para elas não correrem na escada. O pouco que vi delas, elas tinham os cabelos lisos e escuros e a pele acobreada. Pareciam lindas, tinha visto pouco delas.

Sentamos na mesa da cozinha e enquanto Kátia terminava de temperar o almoço que já estava quase pronto, nós todos conversávamos tranquilamente. Um dia agradável, por fim.

Na hora do almoço, Sophia logo se enturmou com as crianças. A comida estava deliciosa e enquanto Sophia ensinava um novo jogo para as crianças, Kátia colocava um café para fazer e meu pai e eu estávamos sentados à mesa, esperando.

— Seu pai estava há tanto tempo procurando por vocês. É um alívio vê-lo se reconciliando com o passado dele. — Disse Kátia e eu concordei. — E como está a sua mãe? — Ela me perguntou, mas não havia uma gota de ciúme na voz dela. Era apenas preocupação. Dei de ombros.

— Está bem. Um pouco cansada, é verdade, mas logo tudo vai se resolver. — E Kátia sorriu.

— Deus é muito bom.copy right hot novel pub