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Um Sheikh no Brasil

Capítulo 7 - Agnes

Não estava conseguindo ser eu mesma. Não mais. Enquanto Sophia estivesse em perigo, eu só conseguia pensar em como meu coração doía, em como eu não conseguia ter motivos para sorrir, em como eu não via a hora de ela acordar.

Seth me acompanhou por todo o hospital. Não demorei a encontrar minha mãe. Fer não estava mais lá. Na certa, tinha voltado para casa para tomar um banho, pois no outro dia ela trabalhava. Mamãe também tinha que trabalhar, o que me fazia ficar quase o dia todo ali, sozinha.

Olhando para mamãe, era perceptível o quão desgastada ela estava. Os olhos estavam também com duas bolsas de olheiras, escuras e pesadas. Mamãe já tinha algumas rugas no rosto, da própria idade dela, e os cabelos com alguns poucos fios cinza na cabeleira escura. Tinha mais ou menos o meu tamanho e o corpo normal. Estava sentada num dos sofás monocromáticos e tentava prestar atenção no noticiário da noite que passava na televisão do outro lado da sala de espera.

— Mamãe? — Chamei fazendo-a acordar do torpor que estava nela. Ela então voltou a me olhar, reconhecendo-me. No entanto, logo ela voltou a testa franzida para Seth, tentando reconhecer ele, sem muito sucesso.

Claro, eu não era de ter muitos amigos homens. Quem diria se ela soubesse o que Seth, na verdade queria. Não. Eu não podia pedir isso para ela. Não agora com Sophia em perigo. Longe de cogitar contar alguma coisa assim para ela.

— Mamãe, esse é o filho dos meus chefes. O nome dele é Seth. A mando da Sra. Zilena ele veio ver se estamos precisando de alguma coisa, até o momento que eu puder voltar. — Comentei contando uma lorota. Quer dizer, Seth realmente estava ali para ver se precisávamos de alguma coisa, mas o motivo de ele estar ali era muito maior que esse. Continuei: — Ele entende tudo o que nós falamos, mas ele não sabe falar muito português. Então vou acabar traduzindo o que ele falar para a senhora. — Disse fazendo a minha mãe se levantar num pulo.

Mamãe sabia que eu trabalhava para Sheiks. Então, aparentemente, ela achou que havia necessidade de se comportar melhor com pessoas mais importantes que nós. Os olhos dela se arregalaram um pouquinho enquanto ela assentia levemente e comentava:

— Sim, Sim. Me desculpe não reconhece-lo. — Seth me lançou um olhar indecifrável. Não fazia ideia do que ele estava pensando, mas, aparentemente, ele parecia estar me censurando pela forma como o apresentei a minha mãe. Sua ideia maluca já era de se apresentar a minha mãe como meu namorado. Só se ele tivesse realmente enlouquecido de vez. Mamãe não podia ainda. Seu coração já estava em frangalhos com Sophia. Se soubesse de algo assim, era capaz do coração dela parar de vez. Deus me livre.

— Não há problema. Prazer em conhece-la. — Disse, para minha surpresa, Seth, em português. Tudo bem que foi num português muito arrastado, mas tudo bem. Ele estava realmente se esforçando. Com cuidado ele fez uma vênia para a minha mãe, de um modo muito estranho, na minha opinião, e que eu não via nenhum sentido para ele estar fazendo.

— Oh, sabe falar em português. É um prazer, Senhor. Meu nome é Martha. Sou a mãe da Agnes. — Disse minha mãe e sorriu afavelmente.

Seth então voltou a me olhar, os cílios parecendo se mexer lentamente, naquele toque de brilho que só eles tinham. Engoli em seco. Sabia o porque ele estava me olhando tão vidrado. Ele tinha entendido o que a minha mãe tinha dito, mas parecia perdido em dizer isso em português. Parecia até mesmo frustrado em não poder. Acabou suspirando e dizendo em inglês para mim:

— Amira, não sei dizer isso para sua mãe. Por favor, traduza para ela. Diga-a que não precisa me chamar de Senhor, apenas de Seth é suficiente. E que é um prazer em conhece-la também. — Disse Seth e eu concordei rapidamente traduzindo para a minha mãe. Ela assentiu enquanto sorria novamente.

— É uma gentileza preocupar-se. Eu agradeço. — Disse mamãe e logo continuou: — Por enquanto só esperamos que Sophia melhore. — E dito isso, os olhos de mamãe se encheram de lágrimas. Eu sabia, eu também sentia a dor que ela sentia. A possibilidade de Sophia não acordar era tão grande, que eu não sabia como agir.

— Farei o possível para ajudá-la. — Disse Seth e eu neguei, antes respondendo a ele, porque sabia o que a minha mãe diria.

— Seth. Não há necessidade.copy right hot novel pub

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