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Doce Vingança

ONZE

E lá estava a minha luz dentro de um vestido preto, colado ao seu corpo, com um comprimento que chegava até a altura dos seus joelhos. Seus cabelos castanhos, caíam sobre os seus ombros, cobrindo as alças finas do vestido. Os pequenos olhos negros me fitavam com cautela e eu pude observar seus seios medianos subirem e descerem, devido a uma respiração quase ofegante.

Quando a vi pela primeira vez, Lara estava caída no meio de uma estrada e assim que Márlon, meu motorista a pôs no carro, deixando sua cabeça apoiada em meu colo, fui completamente arrebatado. Seu rosto mesmo sofrido e perdido no meio de toda aquela fuligem não conseguia esconder seus traços angelicais e eu vi ali, a sua luz afugentar as minhas trevas e oprimir as minhas dores com uma audácia que de alguma forma me irritava. Entretanto, confesso que olhá-la também me acalmava. Assim que cheguei em casa, deixei os seus cuidados nas mãos da única pessoa que eu confiava, Penélope. Eu não sabia nada sobre aquela garota, nem ao menos se ficaria aqui perto de mim e juro que roguei para que ela não se afastasse. O que eu pretendia com isso? Jamais saberia. Só sei que ouvir a sua voz pela manhã, mesmo que resmungando com irritação, era como um balsamo para mim.

Fitei a garota ainda parada no espaldar da porta e me perguntei, o que ela estava esperando? Vi receio em seus olhos e tive vontade de rir. Desde que a minha vida virou uma maré alta em meio a uma horrenda tempestade, não sou o homem mais paciente do mundo e acredito que Penélope se encarregou de afastá-la de mim. Tenho me tornado um monstro afugentado todos de perto de mim, evitado qualquer contato amigável que me dirigisse um olhar, ou até mesmo um gesto de pena. Ergui o meu indicador e mesmo sabendo ter um semblante sério demais, fiz um gesto para que ela se aproximasse da mesa e mesmo receosa, ela fez. Seus olhos varreram o meu rosto demoradamente e em seguida desceram pelo meu tronco, parando em minha cadeira de rodas. Engoli com dificuldade, mas para o meu alívio, não vi pena em suas retinas.

— Boa noite, Lara! Eu me levantaria para puxar-lhe uma cadeira, mas como pode ver. — Me peguei brincado e ela me sorriu. Nossa, me vi envolvido naquele simples gesto. A quanto tempo não venho a esse lado da casa, ou converso com alguém a mesa? — Espero que goste massa italiana.

— Eu nunca comi. — Ela deu de ombros. Lara tem gestos simples e isso me diz um pouco sobre ela.

— Nesse caso, repito a minha frase. Espero que goste de massa italiana. — Ela baixou os seus olhos para o seu prato e observou os talheres de prata. Uma pena, descobri que gosto de olhá-los! — Eu ofereceria uma taça de vinho, mas acredito que não faria bem ao seu bebê.copy right hot novel pub

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