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Doce Vingança

DEZESSETE

Por Penélope Clarck

Quando eu era pequena, era uma garota bem-falante. Eu amava falar sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre a vida. Meus pais amavam aquilo e eu os enchia de perguntas praticamente o dia inteiro. Eu tinha uma vida perfeita, era filha única e tinha eles só para mim, até que um acidente os levou para longe, e tudo a minha volta mudou. Aos seis anos fui para um orfanato. Era um lugar frio, vazio de sentimentos e as pessoas não se importavam muito com os órfãos, a não ser no dia de adoção. Desde então, eu já não tinha mais motivos para falar e já não sorria também. Aos sete anos, quase fui abusada por uns garotos maiores que eu, se não fosse uma garota chamada Cris. Ela era valentona e tinha o dobro do meu tamanho e sozinha deu conta de três garotos. Meses depois planejamos uma fuga que deu muito certo e passamos a viver escondidas debaixo de uma ponte. Cris sempre dava um jeito de encontrar comida para nós duas e tínhamos as ruas livres para irmos ou fazermos o que quiséssemos. Até que era divertido, contudo, eu ainda não conseguia ser eu mesma e cheguei a pensar que nunca mais seria. Quando fiz quinze anos, Cris adoeceu e eu tive que lutar sozonha por nós duas e meses depois ela morreu em meus braços. E acredite, ainda não sei como aquilo aconteceu. Passei a perambular sem destino, roubando comida e até mesmo dinheiro. Por ser baixinha, era rápida e isso facilitava a minha fuga. Naquele mesmo ano, encontrei os Clarck. Lembro-me que me sentia arrasada e sozinha, e eles estavam em um daqueles restaurantes muito chiques, jantando próximos a uma enorme janela de vidro transparente, e quase se beijando, posso assim dizer. Foi quando me notaram e me senti encabulada por estar bisbilhotando aquele lindo casal. Na mesma hora pensei em sair correndo dali, mas não tive forças e apaguei ali mesmo. Acordei no dia seguinte de banho tomado, vestes limpas e em uma cama quentinha e macia.

Os Clarck me salvaram. Naquela manhã eu descobri que teria uma nova oportunidade na vida e que eles queriam me adotar. Antony, seu único filho, me recebeu com muito amor e eu me senti segura na casa deles.copy right hot novel pub

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