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Doce Vingança

DEZENOVE

Em sete anos, Florentina mudou muito, já não é mais aquela cidade tão pequena e alguns dos seus moradores já não são tão humildes assim E a vila que morei um dia, já não existe mais. A alta sociedade parece ter triplicado nesse lugar e a maioria dos que estão em minha sala agora, garanto que não sei quem são. Do hall do segundo andar, observo o cômodo movimentado lá embaixo, cheio de pessoas elegantes, bebendo seus espumantes e comendo canapés, enquanto comentam entre si sobre as suas curiosidades em relação ao novo dono da mansão Richter, e seus olhos passeiam curiosos pelas modificações feitas na casa. Confesso que estou nervosa, nunca em minha vida fui o centro das atenções como hoje e saber que nesta noite especificamente abrirei a minha primeira batalha contra os meus agressores, está me deixando em frangalhos.

Ansiosa pelo meu momento, começo a andar lentamente de uma lado para outro do hall e trabalho minha respiração para não fraquejar em minha entrada triunfal.

— Eles chegaram. — Penélope avisa resfolegando e me entrega uma máscara negra, bordada com minúsculas flores da mesma cor, adornada com bicos franzidos, algumas penas delicadas e um sutil brilho dourado, pois para o minha primeira noite, escolhi fazer um baile de máscaras. Uma maneira de não ser reconhecida antes do momento certo. Puxo mais uma respiração e me preparo para o meu espetáculo. — Você está bem? — Ela procura saber, provavelmente por notar o leve tremular das minhas mãos, ou talvez pelo meu silêncio e após soltar a respiração com força, faço um sim para ela.

— E o Anthony? — indaguei dando alguns passos na direção do meu novo destino.

— Está dormindo. Deixei uma babá com ele para o caso de precisar de algo. — Acenei em concordância e parei no topo da escadaria, sentindo o meu coração bater acelerado, ao ponto de pulsar dentro dos meus ouvidos e medianamente as minhas mãos suaram dentro das luvas de cetim.

— Senhoras e senhores, conheçam a senhora Clarck! — Lorena anunciou, chamando a atenção de todos para mim e imediatamente o silêncio tomou conta do lugar, menos as batidas do meu coração, que parecia querer me ensurdecer.

É como se o universo inteiro tivesse parado apenas para me olhar. Seus olhares especulativos e, ao mesmo tempo deslumbrados estavam cravados em cima de mim e por um segundo, pensei em fraquejar, desistir de tudo e sair correndo para os braços do meu filho, onde eu sei, me sentiria segura. Entretanto, ao olhar para as portas largas da mansão, os vi e aquela maldita visão me preencheu de raiva e de coragem para seguir em frente.

Levei minha máscara ao rosto, abri um enorme sorriso e comecei a descer os degraus, um por um, como se flutuasse, deixando que a minha mão coberta com uma luva macia, deslizasse suavemente pelo corrimão dourado. E com apenas um gesto de mão meu, a música parou e depois de respirar fundo, comecei a falar.

— Boa noite a todos, é um imenso prazer tê-los aqui essa noite, e…

— Tire suas mãos de cima de mim, seu imbecil! Você sabe quem eu sou?! — Valentina bradou na entrada do casarão, me interrompendo e automaticamente todos olharam para a porta. A mulher atrevida invadiu o salão e caminhou com passos determinados, porém elegantes em minha direção, segurando a imensa saia do vestido vermelho de gala e bem ao lado dela estava Gael Lincon.

A mulher parou bem na minha frente e me fitou com um sorriso gracioso, porém, os meus olhos estavam fixos nos olhos cor-de-gelo, que de alguma forma me mantinha cativa. Fui invadida pelas lembranças do meu passado no mesmo instante. Momentos lindos e mágicos, de beijos doces, de promessas de amor, suspiros e sussurros e de nós dois fazendo amor naquele quarto de hotel.

— Senhora Clarck, é um prazer finalmente conhecê-la! Ouvi falar muito no seu nome por semanas… — Fui obrigada a voltar para o presente e automaticamente tirei os meus olhos do homem extremante elegante, que não tirava os seus olhos de cima de mim e encarei a loira de olhar audacioso. — Desculpe, mas, seu mordomo me disse que o meu nome não constava na lista de convidados, o que deve ser um engano, pois…

— Não houve engano algum.copy right hot novel pub

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