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Doce Vingança

DEZENOVE - 2ª parte.

Desde que tomei a decisão de voltar para Florentina, não tive coragem de sair pela cidade e muito menos de ir até o local onde antes ficava a vila, onde eu morava com minha mãe. E embora tudo aqui esteja diferente, olhar para ela através das enormes janelas dessa mansão me causa um aperto no coração. Eu sabia que não seria fácil, mas não tinha ideia que ia doer tanto assim. Respirei fundo assim que ouvi as pequenas batidas na porta do quarto principal, onde me instalei e sequei rapidamente as lágrimas, pois sabia exatamente quem estava atrás daquela porta. Me virei para a entrada do quarto, assim que ela se abriu e imediatamente um garotinho de cabelos louros escuros e de olhos claros demais entrou e correu para os meus braços. Sorri, porque não havia alegria maior, que ver o meu filho sorrindo para mim todas as manhãs.

A mudança para Florentina não mudou em nada o seu humor e tão pouco o seu entusiasmo. Anthony está ansioso para conhecer a nova escola e consequente os novos coleguinhas também. Depois de abraçá-lo bem forte e de beijar todo o seu rosto, eu me afastei para olhá-lo.

— Bom dia, como foi a sua noite? — Fiz a pergunta de sempre e ele mexeu seus ombros com desdém.

— Foi fantástica! Pela primeira vez, eu sonhei que conhecia o meu pai. — Olhei para o meu filho extasiada e me perguntei se isso era algum tipo de aviso? Não, eu não permitirei que Gael se aproxime de Anthony, menos ainda que ele descubra a sua existência. Para todos os efeitos, Antony Clarck Segundo, é o filho de Antony Clarck. Eu não suportaria que Valentina o tocasse, antes que chegue a esse extremo, a mataria com as minhas próprias mãos. — E ele era um cara bem legal, mamãe! — Despertei com a voz animada do meu filho.

— Sim, Antony Clarck era um homem muito especial — sibilei.

— Gosto quando fala dele! — Sorrio para o seu comentário.

Desde que o senhor Clarck se foi, tanto eu quanto a Penélope nos incubemos de falar com o menino sobre o seu pai e seu legado, e por conta disso, Antony tem o pai como um herói imortal. Então, imagino que seu sonho tenha algo a ver com isso, e não com minha atual realidade. Seria coincidência demais.

— Que tal acordarmos tia Penélope com uma guerra de travesseiros e depois, podíamos tomar café da manhã na varanda do terceiro andar, enquanto bisbilhotamos a vida matinal dessa cidade — sugiro com animação na voz. Meu garotinho rir empolgando com a ideia e logo se afastou dos meus braços, para sair correndo do quarto e ir direto para o quarto da tia.

— O último a chegar é a mulher do padre! — Ele cantarolou assim que passou pela porta e eu protestei com humor, vestindo um sobretudo de seda com pressa e saí correndo atrás dele.

— Ei, garoto levado-da-breca, isso não vale! — resmunguei, abrindo um enorme sorrido e logo que nos aproximamos da porta, entramos no quarto nas pontas dos pés, nos olhamos com cumplicidade e pegamos algumas almofadas, as erguemos no ar, e nos preparamos para um ataque surpresa. Antony contou silenciosamente até três e nós mandamos ver, soltando no mesmo instante alguns gritos de guerra e uma sequência de almofadadas se iniciou. Mas para a nossa surpresa, Penélope simplesmente não se mexia. Curioso, Antony puxou as cobertas grossas e macias, e encontramos debaixo delas apenas alguns travesseiros enfileirados. Bufamos e na sequência, fomos surpreendidos por uma Penélope descabelada, que saiu de trás da porta, pronta para o seu ataque, e uma guerra de travesseiros genuína e cheia de boas gargalhadas se iniciou logo em seguida.copy right hot novel pub

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