Modo escuro
Linguagem arrow_icon

Doce Vingança

VINTE E DOIS

De repente me senti cega, completamente cega. De todas as coisas que vim buscar nessa cidade, a mais importante delas, eu havia me esquecido. Donana foi uma das figuras mais importantes em minha vida. Ela era a única que se importava de verdade comigo e com a Sara. E era quem me dava conselhos para não errar nos meus caminhos. Entretanto, a minha vontade de chegar até a Valentina se tornou algo tão grande e tão forte, que me esqueci dos laços de amor de uma grande amizade e saber que agora ela estava vindo até aqui me deixava muito ansiosa. Como ela estará agora? Será que se lembrará de mim? O fato é que fui embora e nem tivemos tempo de nos despedir.

O ar inflou em meus pulmões quando vi o carro de Leon entrar na propriedade e não pude sequer me mexer. Apenas olhei o veículo percorrer a passarela de asfalto e com uma leve curva que parava bem em frente a entrada do casarão e após soltar o ar, me virei de frente, para as portas largas e aguardei que eles entrassem na casa. Senti o meu corpo ansiar por seu abraço e os meus olhos ávidos estavam o tempo todo fixos nas portas e assim que elas se abriram, um homem alto, vestido com seu terno caro passou por elas, dando passagem para uma senhora de cabelos grisalhos, corpo robusto e de bochechas rosadas. Ela não sorriu para mim como de costume, mas me fitava com tremenda surpresa. Forcei-me a dar alguns passos vacilantes para o meio do cômodo e com uma voz baixa demais, sibilei.

— Donana. — Imediatamente os seus olhos se encheram de lágrimas e um sorriso muito familiar surgiu em seu rosto.

— Menina! — Deus, havia tanta emoção nessa palavra, que meu coração se derreteu inteiro e eu finalmente me senti em casa. Ela me abriu os seus braços e eu corri para me aconchegar neles. Recebi o abraço mais quente, mais forte e confortável que já recebera em todos esses anos. — Deus, eu pensei que você estivesse morta! — sibilou com comoção, afagando as minhas costas com carinho. Eu só conseguia chorar em soluços como uma criança cheia de saudades e fiquei assim por longos minutos, até ela se afastar e me olhar, passando suas mãos por meus cabelos e rosto, como se quisesse ter a certeza de eu estava realmente ali. — Como você está linda! E está muito diferente também. — Sorri para o seu comentário. — Por onde andou, menina? — Respirei profundamente, secando as minhas lágrimas.

— Longa história, Donana.

— Bom, eu tenho o dia inteiro de folga e quero saber de tudo. — Logo o seu conhecido humor estava de volta e eu ri ainda mais.copy right hot novel pub

Comentar / Relatar Problema no Site