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Doce Vingança

VINTE E DOIS - 2ª parte.

Houve um tempo que cheguei a sonhar com essa rachadura onde o meu passado se encontraria com o meu presente. E vê Donana interagindo com o pequeno Antony me emocionou muito. O garoto conversava com a sorridente senhora, como se a conhecesse a anos e vê-la tratá-lo com tamanho carinho, me fez lembrar de Sara. Deus, como queria que ela tivesse aqui conosco!

— Já comeu bolinhos de chuva?

— Bolinhos de chuva? Eles são molhados por acaso? — O som da risada de Donana era algo contagiante e o menino ria junto com ela.

— Não. São chamados bolinhos de chuva, por que houve uma época em Portugal que a farinha de trigo era muito cara e de difícil acesso para os menos favorecidos. Então eles começaram a confeccioná-los com outras farinhas. A demanda foi tão grande que parecia uma chuva de bolinhos.

— Sério? — Meu filho indagou maravilhado com aquela história. — Você faz bolinhos de chuva para mim, vovó Donana? — pediu com uma alegria tão infantil quanto espontânea.

— Oh! — A doce senhora levou as mãos as laterais do meu rosto e me olhou com uma espécie de encanto. — Ele me chamou de vovó! — Meu sorriso cresceu apaixonado por aquele momento só deles. — É claro que faço minha doce criança, mas terá que me ajudar. — Ela se pôs de pé imediatamente e lhe estendeu sua mão, e antes de segurá-la, Antony ficou de pé em cima do sofá e começou a pular em cima dele e logo os dois foram para a cozinha.

Com o silêncio deixado por esses dois, minha cabeça começou a girar em pensamentos. Se Gael foi atrás de mim, se ele havia sofrido tanto com a minha suposta morte, e se dizia tão apaixonado, por que se casou com a Valentina, mesmo sabendo de tudo que fez para nos separar? Essa resposta Donana não tinha para me dar, mas ele tinha. E foi com esse pensamento que subi as escadas com apressa, entrei em meu quarto e peguei minha bolsa, e chaves e sai rapidamente da mansão, sem dizer nada a ninguém. Entrei em meu carro e dirigi até a empresa, na esperança de encontrá-lo e de confrontá-lo. Eu queria respostas, precisava delas e ele teria que me dar.

Morta.

Quem teria dado uma informação como essa para ele e para a família Richter, visto que todos na vila tinham me visto com vida e assistiram a minha dor? Valentina? Ou o Martin? E o principal de tudo, o que eles ganhariam com a minha morte?

Parei o carro na minha vaga na garagem e antes de entrar no prédio silencioso, respirei fundo e pensei em desistir, mas segui em frente. Eu não passei sete anos da minha vida sofrendo calada para recuar agora.copy right hot novel pub

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