Modo escuro
Linguagem arrow_icon

INDECENTE DESEJO

CAPÍTULO 14 - HENRICO

Meu humor melhorou quase cem por cento de ontem pra hoje, a prisão de Alencar alavancou meus planos e me colocou na frente desse jogo. Ver seu rosto em todos os meios midiáticos me fez racional novamente. O fato de Amélia ter descoberto minha identidade sem ser diretamente por mim foi um atraso, o beijo foi um passo precipitado e inconsequente, mas que pode ser facilmente convertido para meu benefício. Certo que, no primeiro momento fiquei abalado, meio desnorteado por tocar novamente em uma mulher após tantos anos, ainda mais por ter sido quem foi. Porém, passou. E por isso, vim até esse endereço.

Quando ela deixou a fazenda ontem às pressas, fui vítima de um interrogatório e Guilhermino não sossegou até arrancar os motivos por Amélia Leal ter ido até nossa fazenda possessa e saído com os lábios inchados de tanto beijar, não vou mentir e dizer que seu comentário não me fez sorrir, pois fez. Porém, fugi o quanto pude dos seus questionamentos, deixando escapar no fim que ela era uma grande peça no meu jogo de vingança. Isso o desagradou, Guilhermino sempre foi um cara correto e nunca concordou com meus planos, mas prometeu não interferir.O rosto agradecido da mulher se volta para mim, Carmélia é gentil e faz o perfil independente, forte e desbravadora. Assumiu a direção do lar aquarela faz quase dez anos e desde então luta para fazer daqui um lar, fazendo com que cada criança se sinta integrada e especial, embora continue lutando para que cada uma delas consiga pais adotivos e tenham oportunidades. Vim até aqui para fazer média, burlar o destino e forçar um encontro com a caçula Leal, mas me vi fascinado com todas as crianças, em especial os menores.

Lembrei hoje cedo que tinha o dossiê de cada um dos membros daquela família, e depois de muito pensar percebi que o dela precisava ser mais explorado e assim, descobri sobre seu envolvimento com este lugar, por mais ela tenha tentado deixar isso oculto de sua vida.

Amélia Leal é uma caixinha de surpresa.

Assinei um cheque em nome da instituição, deixando claro que fui influenciado por Amélia para a diretora falar bem de mim pra ela. Acertamos tudo, mas a mulher fez questão de me mostrar o funcionamento do lugar inteiro, acabei sendo rendido por mais tempo do que eu pretendia ficar e precisei ir ao banheiro. Qual a minha surpresa quando voltei a trilhar pela mesma trajetória que fiz com Carmélia, decidido a voltar pra casa quando os cabelos negros curtos apareceram no meu campo de visão? Observei Amélia conversar com a diretora e um sorriso presunçoso se formou em meus lábios bem na hora que os olhos verdes viraram pra minha direção.

E, porra!

Eles parecem mais intensos e brabos do que da última vez, tornando as íris claras quase magnéticas. Foi involuntário, mas meus olhos desceram para a boquinha miúda, rosa que formava um bico de desgosto.

— Você. — Ela diz, fulminando—me com o olhar.

Abro ainda mais o sorriso e a encaro de volta, dando—lhe toda minha atenção e ignorando a presença de qualquer outra pessoa no recinto. O cabelo preso em um rabo de cavalo baixo deixa a pele do seu pescoço desnuda, os fios curtos mal ficando presos dentro do elástico rosa. Uma fantasia insana de enrolar meus dedos por volta do pescoço fino e apertar forte, até que fique marcado passa por minha mente, fazendo com que eu precise fechar minhas mãos em punhos e tome um passo de distância para não cometer o ato.

— Ok, o que você quer? — Ela diz, não olhando diretamente pra mim, mostrando impaciência na voz.

Não respondo de imediato, apenas para estender mais o meu tempo com ela e fazê—la me olhar.

Ela tem certo poder sobre mim, sempre o teve, para o bem da verdade. Por mais que eu tentasse criar antipatia pela garota por fidelidade a minha ex esposa, algo em seu semblante me fazia desejar e fazer o contrário.

— Sua amizade. — Respondo sucinto, tentando passar uma imagem confiável.

Ele meio que ruge, jogando os braços para o ar.Franzo o cenho, segurando um sorriso.

— O quê? — Pergunto inocente.

Ela me olha séria.

Leva suas duas mãos para a cintura e me com incredulidade, como se eu tivesse duas cabeças.

— Você só pode tá de brincadeira com a minha cara. — Diz, bufando um pouco ao terminar a frase.Nego com a cabeça, me aproximando um pouco mais dela.

— Quero ser seu amigo. — Falo, olhando no fundo das safiras esverdeadas.

Posso sentir quando ela vacila, foram apenas alguns segundos, mas é o suficiente pra mim acreditar que tenho chance. Eu não sei como é Amélia Leal atualmente, porém sei exatamente como ela era anos atrás e posso ser tudo o que a garota precisa, posso ser seu mundo inteiro.

— Você é muito cínico. — Ela pausa, puxando um pouco de ar para seus pulmões e o soltando em seguida. — Não confio em você, posso parecer ingênua ou a ovelha mais fácil de manipular do rebanho, mas não sou.copy right hot novel pub

Comentar / Relatar Problema no Site