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INDECENTE DESEJO

CAPÍTULO 15 - AMÉLIA

Engulo o soluço, tentando diminuir a altura do meu choro, consternada pelo meu estado. Eu não sei o que deu em mim, esse homem parece simplesmente me amolecer como manteiga.

— Desculpe. — Murmuro baixinho, fugindo de seu aperto.

Com as costas das mãos enxugo minhas lágrimas, virando de lado para fugir do seu olhar atencioso. Ele não fala nada e nem faz menção de se mexer quando seco a água dos meus olhos.

— Então, você já pode ir. — Encaro o rosto expressivo, entrelaçando minhas mãos na frente do meu corpo, tentando disfarçar o constrangimento que se arrasta pelo meu corpo.

Um sorriso presunçoso se forma no canto de seus lábios e as íris escuras brilham em desafio, deixando claro que ele não vai deixar isso passar despercebido.

— Você sabe onde me encontrar. — Assegura, contrariando o que imaginei ele passa a caminhar para a saída. Deixando no ar que eu irei a sua procura em algum momento.Nunca.

— Não volte mais aqui. — Esbravejo, irritada com sua insinuação.

Ele não vira para me encarar, mas deduzo que está sorrindo largamente, sendo o pretensioso que é.Após um certo tempo encarando a porta por onde ele saiu me recompondo, consertando minha postura e voltando para as crianças. Fico protelando o máximo possível minha volta para casa, não ansiando nem um pouco encontrar com qualquer parente sanguíneo.

— Almoço. — Dieguinho fala, me fazendo checar o relógio do celular, concluindo que ele tem razão.

Que feeling!

As crianças se aglomeram na grande cozinha, sentada por ordem de idade nos bancos longos e compartilhados, meus dois pequenos sentam juntos, se comportando como dois anjinhos. Meu coração se enche de amor com imagem, pensando em quantas vezes desejei ter algo assim com Aurora, a cumplicidade e o cuidado que uma irmã devia ter com outra.

Suspiro, frustrada.

Rejeito o convite para almoçar das outras voluntárias no mesmo instante que sinto meu telefone vibrar. "Onde você está, mocinha? "

Mamãe.

Guardo o celular de volta no bolso sem respondê-la, sentindo ele vibrar mais umas três vezes antes de cessar.

Não quero falar com ninguém, isso inclui ela.

Deixo o lar, me despedindo de todos enquanto ainda almoçam, recusando mais uma vez o convite para me juntar à eles.

Eu não esperava ver Henrico Zattani hoje. Me sinto perdida e incompleta de tantas maneiras que só quero esquecer de qual família faço parte. Simplesmente esquecer as boas maneiras, os belos vestidos e os compromissos que nunca sinto vontade de ir, mas quero mais do que tudo esquecer o peso que o sobrenome Leal traz. Pode parecer exagero ou egoísmo, afinal meus pais trabalham para me dar uma boa vida, mas eu nunca pedi por nada disso.

Dispenso o táxi e sigo a pé pelo bairro que eu deveria ter crescido, sem saber ao certo a onde estou de fato indo. Aperto meus lábios um contra o outro, avistando o bar meia boca a pouco passos de onde estou, lembrando da sensação que senti na noite do meu aniversário. O líquido quente descendo pela minha garganta e esquentando em minhas veias..copy right hot novel pub

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