Sete anos depois…
— Ôh mãe, a tia Penélope comeu todo o meu chocolate! — Antony reclamou, entrando em casa emburrado. Ele tinha a boca suja de chocolate, o que me dizia que já havia comido muito doce e suas sobrancelhas estavam unidas, mostrando o quanto estava irritado com sua tia. Tentei não rir, afinal eu precisava cobrar uma postura adulta da tia Penélope.
— Não acredito que fez isso outra vez, Penélope Clarck! — Fui taxativa, mas a marota ergueu as sobrancelhas ruivas e levou as mãos a cintura, me encarando de igual para igual e deu de ombros.
— Qual é a graça de ser criança, se não podemos comer chocolates pela manhã? — rebateu.
— Sério, Penélope? São sete da manhã e o Antony ainda nem tomou seu desjejum! — resmunguei indo até o meu pequenino e após beijá-lo carinhosamente no rosto, segurei a sua mão e fomos direto para a cozinha.
Desde que Antony chegou a essa casa, Penélope se encarregou de se tornar a criança do momento e junto com esse traquina, tem aprontado muito. O senhor Clarck iria amar isso. O fato é que fiquei praticamente sozinha com duas crianças para cuidar, se não fosse a Barbara para me apoiar. Porque sim, Penélope parece que não cresceu, salvo quando Antony está concentrado em suas aulas, ai ela é uma adulta confessa. — Bom dia, Barbara! — falei assim que entramos no cômodo e levei meu filho direto para a pia, para limpar a sua boca.
— Bom dia, Lara! Chocolates de novo? — Ela riu.
— Não me descrimine por isso, Barbara. Chocolates são a essência de uma boa infância. Eu já contei para vocês o quão quis ser mimada com essas delícias? Nossa, mãe! Eu roubava da cozinha do orfanato, só para passar uma boa parte da noite saciada. O ruim era a diarreia que me causava no dia seguinte, e isso me entregava bonitinho.
— Tia Penélope, você roubou?! — O menino perguntou, abrindo um espantado.
— Ah, que lindo! Agora terá que explicar para o meu príncipe o quão isso é errado! — ralhei escutando o som da gargalhada da minha amiga. Ela veio para perto de nós dois, secou a boca de Antony e o segurou em seus braços, soltando um gemido estrangulado, devido ao seu peso.
— Vou te contar um segredo, tá bom? — fala baixinho e o menino acenou um sim, para ela. — A tia era bem pequenininha assim e não sabia o que era certo ou errado.copy right hot novel pub