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Doce Vingança

UMA PALHINHA DE PENÉLOPE CLARCK - 1ª parte.

— Me conta um pouco de você, ruivinha. — A voz de Leon me desperta do meu estado de letargia. Estamos em um quarto de motel, bem próximo da Richter & Lincom LTDA é meu horário de folga e Lara nesse exato momento deve estar nos braços do seu Gael. Ela não faz ideia de que sei o que está acontecendo entre eles, e talvez não faça ideia de que já está entregue a esse amor, que estava adormecido e que despertou do seu sono profundo, assim que seus olhos se encontraram naquela sala de reunião. Tão bobinha essa minha amiga!

— O que você quer saber? — Ele desliza a ponta do seu nariz pelo meu ombro e deixa um beijo minúsculo em minha pele em seguida.

— Gostaria de saber tudo sobre você, Penélope, ficaria satisfeito em desvendá-la, mas me contento com o que quiser compartilhar comigo. — Solto um suspiro baixinho, pois não é fácil falar sobre o meu passado. Nunca foi, nem mesmo para a psicóloga que os Clarck contrataram para mim, consegui falar sobre esse assunto. A doutora Lígia só recebeu de minha parte aquilo que eu quis lhe dar.

Mas, Leon tem algo diferente, ele consegue me penetrar, mesmo com a minha armadura me revestindo dos pés a cabeça. Seu olhar penetrante é quase hipnotizante, por isso, evito encará-lo por muitas vezes. Mas esse toque... Deus do céu, é relaxante de mais, porém, sua indagação, não me impediu de viajar para um momento obscuro demais da minha vida…

— Como se sentiria se um dia acordasse e todo o seu mundinho perfeito tivesse sido arrancado de você? Pior ainda, se esse mundinho cor-de-rosa pertencesse a uma criança de apenas seis anos? Porque foi exatamente isso que aconteceu comigo há dezessete anos. Lembro-me como se fosse ontem. Eu dormia tranquila em minha cama de princesa e uma babá contratada cuidava de mim até que meus pais voltassem para casa, mas eles nunca voltaram. O dia já havia amanhecido quando a campainha tocou e eu despertei, abri um sorriso de janelinhas e saltei para fora da cama, ansiosa para finalmente vê-los, abraçá-los e beijá-los como sempre fazia quando voltavam para casa. Lembro-me que freei a minha corrida bem no meio da escadaria, assim que avistei Lina, minha babá em pé na porta, falando com dois policiais e tudo se acabou ali para mim. Meus pais haviam morrido em um acidente de carro, ela me explicou calmamente. Aquilo me machucou muito, porém, eu não chorei, simplesmente me fechei dentro de mim com toda a minha alegria e lembranças. Eu não tinha parentes vivos para cuidar de mim e isso deixou o meu futuro no escuro. Dali para frente vi o meu mundo cor-de-rosa tornar-se cinza e frio, quando pus os meus pés em um orfanato. Eu já não falava mais, não sorria também e todos ali parecia ser tão maiores que eu. Resolvi que viver escondida nas sombras, era a minha melhor opção de sobrevivência, até ser descoberta pelos garotos malvados.

— Garotos malvados? — Leon questionou, só então percebi que estava pensando alto demais.copy right hot novel pub

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