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Doce Vingança

NOVE - 2ª parte

Alguns dias…

Vi o dia amanhecer, mas não o vi passar e isso aconteceu por várias e várias vezes. Dormir foi a solução que encontrei para não pensar em tudo que me acontecera, para não sentir a dor da perda que rasgava o meu coração, fazendo-o sangrar diariamente, a cada minuto de cada dia. Desde que tudo aconteceu, não falei com ninguém além de Penélope, que vez ou outra invadia o quarto com o seu modo falante. O meu corpo inteiro parecia sentir o impacto das minhas emoções. Tenho me sentido fraca o tempo todo e não sinto vontade alguma de sair da cama. O barulho de vozes alteradas do lado de fora do quarto me fez abrir os olhos e eu me forcei a sentar-me no colchão. Minha cabeça deu um giro e automaticamente o meu corpo ficou gelado. Fiz força para sair da cama e ir em buscar de ajuda. Deus, o que estava acontecendo comigo? Perguntei quando finalmente consegui abrir a porta e vi a ruiva de costas para mim e em pé no corredor.

— Ela vai ao médico nem que para isso eu tenha que carregá-la em meus ombros! — Ouvi uma voz grave praticamente gritar e no segundo seguinte o chão fugiu dos meus pés.

— Penélope? — sibilei sem forças e senti as minhas vistas escurecerem.

?

Acordei ofegante dentro de um quarto semiescuro em busca de socorro. Rosnei um xingamento abafado quando percebi que mais um pesadelo veio assombrar os meus sonhos, lembrar-me do meu fracasso, da minha imprudência e da dor que não descansa dentro de mim. Resmunguei algo e sentei-me no colchão, sentindo a minha cabeça levemente zonza. Isso é ridículo! Por que não consigo reagir? Por que me deixo afundar cada dia mais nesse poço escuro? Essa não é você, Lara, você não é assim! E com certeza a Sara deve estar lhe reprovando de onde quer que esteja. Repreendi-me sentindo os meus olhos arderem ao pensar nela, mas respirei profundamente, engolindo o meu choro. Já faz tantos dias que estou nessa casa e de verdade, não sei como ainda não me expulsaram daqui. Eu só tenho dado trabalho, reclamado feito uma criança mimada e tenho agido feito uma imbecil.

Isso irá mudar a partir de hoje. Pensei determinada a lutar.

A porta do quarto se abriu e Penélope passou por ela segurando uma bandeja grande e farta. Mais comida! Pensei sentindo a bílis vir a minha garganta e consequentemente uma vontade imensurável de vomitar. Não suporto sequer sentir o cheiro dela e por mais que eu diga que não tenho fome, mais ela insiste que eu coma algo.

— Enfim, você acordou! — falou mais sorridente que de costume. — Trouxe algo para comer.

— Não estou com fome, Penélope — ralhei incomodada.

— Bom, me desculpe, mas agora, que esteja ou não com fome, terá que se alimentar muito bem de hoje em diante. — Ergui os meus olhos para a garota que me encarava séria pela primeira vez em dias. — Lara, nós precisamos conversar. — Engoli em seco. Eu sabia que em algum momento eles iriam me perguntar sobre a minha vida, mas adivinha? Eu ainda não estou pronta para falar sobre o que aconteceu. Penélope pôs a bandeja em cima da cama e se acomodou na ponta do colchão, de frente para mim. — Ok, vamos lá.copy right hot novel pub

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