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Doce Vingança

DEZ

Os dias aqui nessa casa passaram de uma forma calma e arrastada demais. Eu realmente precisava dessa paz, mas toda essa quietude me fazia remoer tudo o que eu passei em Florentina e por mais que eu tentasse, dentro de mim eu só conseguia sentir muita raiva, uma revolta que se alimentava pouco a pouco da bondade que ainda havia dentro de mim. Eles me tiraram o pouco que eu tinha, a parte mais importante da minha vida, o meu motivo para sorrir todas as manhãs.

Caminhar todas as manhãs rodeada por todo esse verde intenso, com tantas flores coloridas espalhadas por todos os lugares, me fazia acreditar que ainda havia esperanças para mim. Sair de dentro da casa, após dias, confinada dentro de um quarto me fez muito bem. Os jardins desse lugar transmitem uma paz singular. O vento que corre por aqui traz o perfume agradável das flores e os raios de sol que passa por entre as folhagens, chegam a aquecer os meus ossos. Depois que descobri sobre a gravidez, resolvi que não era em cima de uma cama, me negando a comer que conseguiria reerguer a minha vida e reconstruí-la, era tudo o que me havia restado. No meio da minha caminhada pela calçada de pedrinhas brancas e cor de rosa, encontrei um balanço de palha, que tinha o formato esférico e dentro dele era todo forrado por um tecido floral e acolchoado. Sentei-me ali e senti o leve balançar, relaxando logo em seguida. Sorri quando vi o beija-flor pousar em uma tulipa vermelha e na sequência em outras flores e ele ficou ali por questão de minutos. O bater das suas asas era algo filosofal e assim que ele se foi, baixei os meus olhos e encontrei o meu ventre. Suspirei.

— Oi! — sussurrei para a minha barriga com timidez. Era estranho falar com o bebê, que sentia sequer dentro de mim. — Será que você consegue me ouvir? — Voltei a sussurrar e acariciei timidamente a barriga. — Não sei se consegue me ouvir. Você foi uma grande surpresa para mim, ainda não decidi em qual sentido, mas foi. — Continuei. — Eu quero que saiba que estou aqui e que... — Parei de falar. O que eu teria para dizer-lhe? Que o protegeria? Santo Deus, eu mal consigo me proteger. O que farei quando ele chegar ao mundo? Eu nem sei como cuidar de um bebê direito!

Incomodada com os meus pensamentos, sai do balanço e voltei para a minha caminhada. Meus olhos percorreram com admiração toda a estrutura da mansão. Diferia de todas que já vi em Florentina e é bem maior também. Havia colunas, muitas delas, tanto na parte de baixo, quanto em cima e uma varanda que ia de uma ponta a outra nos dois andares. Uma infinidade de quartos e tudo aquilo apenas para duas pessoas. Sim, porque não vi mais ninguém além da Penélope e o tal senhor Clarck, que eu nunca vira na minha frente. Também não vi empregados na casa, embora Penélope tenha mencionado a cozinheira.copy right hot novel pub

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